Eu, guiando nosso sussurro
minha cama é teu casulo.
Os olhos lamberam os seus, ao longe
Palavras banais, assim
segredos debaixo da língua
O beijo, enfim
a orelha mais gostosa do mundo
Subir escadas infinitas,
errar o buraco da fechadura
engolir o afã à ceco
e despir-te devagar
Estourar os cômodos com ecos
Fazer inveja no vizinho chato
(aquele que fecha as janelas muito cedo)
Percorrer um mar de saliva
com a língua no seu corpo enigma
Enrola aqui, nas pernas
o amor-desespero
a convulsão ansiosa
Lambendo meus pêlos
pega, todo mãos
faz-me nascer
voar, borboleta-prodígio
Acordar um pouco mais cedo
Satisfazer o desejo enquanto o sol se atrasa
Ver no espelho o reflexo em brasa
somos agora o filme faísca do dia nascente
Enroscar minha cintura,
emaranhar o nariz nos meus cabelos
Adormecer
porque "a alma sobe feliz até o olho".
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